14 de agosto de 2017

Rafani: Minha Exceção


Eu sei que muita gente diz que devemos ler de tudo um pouco para adquirir conhecimento e tudo mais, mas eu não pratico nada disso. Cansei de dizer que sempre vou preferir um romance água com açúcar, o mais clichê possível pois é disso que meu coração é aquecido. Quando a Sinéia apresentou o banner de divulgação de "Rafani" eu soube que era uma história diferente do que eu costumo ler porque estava escrito em maiúsculas gritantes que era impactante, que trazia um tema sério e difícil de abordar, logo seria um desafio para eu ler.

No ano passado, li um livro que possui o conteúdo semelhante ao abordado e não consegui gostar da história. Ao meu ver o tema tinha que ter sido melhor trabalhado, mais explorado. Normalmente eu me coloco no lugar das personagens e não conseguia me ver agindo tão naturalmente/tranquilamente como a personagem em alguns acontecimentos, não conseguia me conectar e isso acabou com uma aversão por esse tema. Então Rafani aconteceu! Mas antes de iniciar a leitura perguntava a mim mesma se devia realmente fazê-la, a Sinéia já tinha liberado os parceiros que não gostariam de ler por conta do tema e eu achei que também não leria.

Acontece que minhas opções era Rafani ou Paixão Sustenida - Reencontro e escolhendo este último eu teria que dar adeus a história de Hannah e João Pedro, coisa que eu não quero fazer nem sob ameaça. Juro, não quero terminar essa trilogia, eu já tentei duas vezes, mas não vou até o fim justamente por isso. Não consigo. Não acho que posso dizer que foi um bom negócio optar por Rafani, porque agora eu não consigo decidir qual dos irmãos Allencar eu quero mais.

 Bon vivant e cafajeste assumido, Sam Allencar cultiva três paixões: mulheres, sexo e vinho. Complicações nunca foram parte da sua vida, tudo o que deseja está ao alcance das suas mãos.
Até que o seu caminho se une ao de uma desconhecida. Uma mulher com um passado marcado por traumas e uma vida construída sobre segredos e mentiras, que prendeu ainda criança que o sentimento mais confiável é o medo, é ele que a mantém viva. Ele não sabia o que estava em jogo, até que estivesse irreparavelmente envolvido. Ela não sabia como contar a verdade, até que fosse tarde demais. Incompatíveis desde o início, mas será que o amor pode curar um passado de dor?


Como a sinopse já entrega, o Sam é um cafajeste. Mas é daqueles que você realmente quer ter na sua vida, seja como amigo,ficante, P. A (o que julgo ser o favorito dele), namorado, marido, tudo. Você só quer tê-lo. Ele tem a vida boa que quer, todas as mulheres que quer e não é porque ele é só mais um bonitão, o cara também é inteligente, mas é porque ele ama as mulheres. Talvez o seu maior defeito seja amar todas elas. Ele sabe como trata-las como verdadeiras damas e também como dar a elas um bom sexo sujo, mas o seu coração? Isso não está no jogo, bom, não até cruzar com os olhos que carregam o arco-íris e também um passado devastador.

Falar da Rafani vai ser algo difícil nessa resenha, achei que iria chorar quando eu soubesse o que havia acontecido com ela, não foi o que aconteceu, também não acho que era essa reação que Sinéia queria em seus leitores, acho que era o que realmente aconteceu. O choque. Não fui capaz de não sentir a dor dela, porque é tão real que foi um choque ler todas as coisas, tão nauseante que me fez dar uma boa pausa na leitura antes de dar continuidade. Respirei fundo, pensei "uau, como ela conseguiu?", voltei a história e acabei reconhecendo a força que Rafani possui. Mesmo que sua vida seja rodeada de segredos e pelo medo, há uma força que muitas vitimas iguais a ela não são capazes de suportar. Tudo desde o seu começo de vida foi difícil, foi uma luta para fugir disso, e quando ela achou que tinha fugido, seu tormento ainda não tinha chego ao fim. Mas ela continuou. Me coloquei no lugar da personagem diversas vezes durante a leitura, eu não teria suportado nem um terço de tudo, às vezes eu não conseguia ver uma razão para que ela tenha se mantido de pé, viva mesmo da maneira que vivia. Bem, Rafani suportou. Talvez tenha sido por seus filhos. Talvez só para que ela enfim encontrasse alguém real, que se importasse e que a amasse verdadeiramente, alguém que ela pudesse dividir o passado e não torná-lo ainda mais pesado.

O passado pode querer atrapalhar o romance, algumas pessoas muito (intensifique esse muito) indesejadas também, mas o Sam é dos que não desistem nem por um segundo, mesmo ele não sabendo no que acabaria, e isso só veio para somar. Há uma coragem e uma força  que não consigo nem dimensionar na personagem feminina, que é inspirador. Com certeza a autora queria passar essas duas coisas às leitoras e não tenho dúvidas de que conseguiu. Talvez tenha despertado o desejo de justiça e principalmente reforçado o recado de que pessoas que são vítimas de coisas que Rafani também foi, não são culpadas por isso, que nada justifica esses atos desumanos. 

Os dois terem essa persistência em comum é o que faz o amor vencer. A grande sacada desse livro foi termos conhecido o Sam primeiro, a leveza de seu personagem e seu humor fantástico nos prepara para o duro passado da Fani e só reforça a ideia de que eles são feitos um para o outro. Se colocados numa balança acho que eles são o equilíbrio perfeito para uma história incrível de amor, libertação e superação. Uma verdadeira história de deixar o passado para trás e conquistar o verdadeiro, sincero e real amor.